quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Grupo de defensores dos direitos humanos ajudou na criação da Casa das Mangueiras

Descoberta de uma cadeia em condições subumanas aguça a vontade de ajudar menores infratores

Alexandre Carlomagno
Mateus de Lucca Constantino
Vivian F. G. da Costa


A Casa das Mangueiras foi criada em oito de dezembro de 1973, em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, por meio de uma parceria entre um grupo de defensores dos direitos humanos e a comunidade. No início sua finalidade era apenas acolher e educar crianças e adolescentes em condições de risco social, depois o espaço começou a desenvolver um trabalho de socialização com esses jovens. O dia de sua inauguração celebra o dia da justiça.
Tudo começou após o grupo descobrir que menores infratores eram mantidos presos, em condições subumanas e junto com os adultos, sem a elaboração de boletins de ocorrência. O local tinha até uma cela com grade eletrocutada e funcionava há 12 anos sem que ninguém, a não ser os militares, soubessem dele.
Sueli Danhone uma das fundadoras da Casa e hoje atual diretora era professora e participante de um grupo de atendimento social da igreja Católica, morou no Chile e retornou a Ribeirão com idéias socialistas. “O contexto histórico vivenciado naquela época era o cenário da ditadura militar, que restringia a todos qualquer tipo de liberdade”, diz ela.
Em entrevista concedida a EPTV (emissora filiada da Rede Globo) Sueli disse que é preciso sonhar sempre. “Quando você sonha, vence os limites e avança para o infinito”, reflete.
Com muitos sonhos e realidades a Casa teve que procurar maneiras de se manter para que pudesse continuar realizando seus projetos. Foi então que surgiu a idéia de se fazer parcerias com as empresas privadas do município, para que os jovens pudessem ter a oportunidade do primeiro emprego, assim, veriam aumentar as possibilidades de inserção social.
Entre essas empresas estão nomes como a concessionária de veículos Santa Emília, Gráfica
São Francisco, Empresa JP farmacêutica e a empresa de equipamentos agrícolas Santal.
Após 34 anos de história, a ONG ainda precisa da parceria de empresas para o desenvolvimento dos projetos realizados por ela, como por exemplo, o projeto de reciclagem, as oficinas de artesanato, o curso de treinamento profissional e outras atividades que ajudam a integrar o jovem à sociedade.
O balanço do trabalho desenvolvido com as crianças apresenta saldo positivo. “Apesar das inúmeras dificuldades encontradas e de episódios de derrota, o trabalho de valorização da vida e reintegração social tem histórias animadoras que comprovam que é possível ajudar a combater o mundo tão desigual no qual estamos inseridos”, otimiza Sueli.
As derrotas ficaram por conta dos menores, que apesar de passarem pela Casa, não conseguiram romper com a estrutura do crime e tiveram como fim os presídios ou a morte.
Os objetivos dos projetos desenvolvidos na Casa, não são de caráter assistencialista, ou seja, não visam suprir somente a necessidade social, mas sim é uma contribuição na formação do educando. De acordo com a diretora a finalidade seria a reintegração desse jovem à sociedade, que por falta de oportunidade foi excluído economicamente e socialmente.
Todas as ações desenvolvidas na Casa das Mangueiras visam atender as demandas sociais de uma parcela da comunidade carente do bairro Vila Recreio, na periferia norte de Ribeirão Preto. A Casa começou seu trabalho no bairro Iguatemi e após 10 anos mudou-se para o novo bairro.
Trabalhos como esse, apresentado por um grupo de pessoas engajadas e com vontade de ajudar, colaboram para que o mundo se torne um pouquinho melhor. “É isso que nos leva a refletir as maledicências que a vida moderna trouxe para a vida humana”, conclui Sueli.
A Casa das mangueiras pode ser ajudada com doações e trabalhos voluntários. Para colaborar você pode ligar para o telefone (16) 3622 2141. Faça sua parte!





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